"O juiz foi à Alemanha pensando em se consagrar, mas deparou-se com
protestos, escrachos e questionamentos sobre sua parcialidade na
condução da Lava Jato."
Por Flavio Aguiar
Chegada de Sergio
Moro para palestra em universidade alemã teve protesto e questionamento.
(Foto: Brasiliexs
Demokratie / Facebook)
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Berlim – O juiz Sergio Moro veio a Heidelberg, para dar
palestra no Instituto de Sociologia Max Weber, sobre a Operação Lava
Jato, a convite do professor Markus Pholman, atrás de uma consagração.
A Universidade de Heidelberg é uma das mais
antigas e respeitadas da Alemanha e da Europa. Fundada no século 14, por
ali passaram, além de Max Weber, Hegel e Toynbee. E há outros nomes,
como Jaspers, Feuerbach, Gadamer etc.
Porém a consagração não veio. Moro encontrou, em sua palestra,
proferida na sexta-feira, 9 de dezembro de 2016, às 18 horas, uma parede
de cartazes com "Fora", "Parcial", "PSDB", além de outros cartazes que
protestavam contra o governo Temer, a PEC 55, as ilegalidades da Lava
Jato. Nos protestos, havia, além de brasileiros, sindicalistas alemães
em apoio aos trabalhadores que têm seus direitos ameaçados pelo governo
Temer.
Também havia manifestantes a favor de Moro e da Lava Jato. "Moro é
nosso herói"… Os dois grupos se engalfinharam, felizmente só com
palavras.
Moro fala,
audiência protesta.
(Foto: Brasiliexs
Demokratie / Facebook)
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Moro tentou se defender. Alegou que a Lava Jato não é parcial. Que
fez vazamentos em nome da transparência. E que se atém aos autos, isto
é, àquilo e àqueles que nela são citados. Com base neste argumento,
tentou justificar sua foto (qualificada por ele mesmo de "infeliz") em
tititi com Aécio Neves. O senador, alegou, não está citado na Lava Jato,
embora seja uma das personagens mais citadas em denúncias de corrupção
hoje no Brasil, Curioso: "infeliz", era a foto, não a atitude do juiz,
flagrado em convescote espiritual com o presidente do PSDB.
Diz o ditado: "a mulher de César, além de ser honesta, tem que
parecer honesta"… Simbolicamente, como "mulher de César", Moro está se
saindo muito mal.
Do Brasil, veio uma carta de protesto contra o convite a Moro feito
pela Heidelberg, assinada por professores universitários e juristas.
Aqui na Alemanha também houve protestos encaminhados ao organizador do
evento, o professor Markus Pohlmann, ao reitor da universidade e ao
pró-reitor de assuntos internacionais.
Houve repercussão da imprensa alemã. Moro foi qualificado como
um juiz "controverso" – a palavra usada foi "umstritten", que também
pode significar "duvidoso", "contestado".
O que está longe de ser a consagração pretendida.
Fotos em animada
conversa com o delatado Aécio Neves foram 'infelizes', segundo o juiz Moro.
(Foto: Diego Padgurschi/Folhapress) |
Fonte: Publicado em 10/12/2016 na Rede Brasil Atual
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