"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Nos Estados Unidos, sindicalista preso concorreu a presidente em 1920


Tem gente besta que acha perda de tempo conversar com os amigos num bar nas manhãs de sábado.

Pois eu faço isso há muito anos e não me arrependo: lá fico sabendo de coisas interessantes, que não estão na mídia.

Por exemplo, neste sábado, meu velho e bom amigo Nelson Jobim, que sabe das coisas, sacou o celular e me mostrou no Google um episódio emblemático na história americana sobre o qual vou escrever aqui.

Em 1920, na maior democracia do mundo, como gostam de escrever os editorialistas brasileiros, Eugene Victor Debs, líder sindical americano, um dos fundadores da IVVVW, sigla da união mundial dos trabalhadores, concorreu à presidência da República dos Estados Unidos pela quinta vez.

Nesta última, ele estava preso.

Debs foi condenado pelo “Sedition Act”, em 1918, a dez anos de prisão por denunciar a participação americana na 1ª Guerra Mundial, e sua pena só foi comutada pelo presidente Warren Harding, em 1921, um ano depois da eleição em que teve 3,4% dos votos.

Lembra alguma coisa do que está acontecendo por estes tristes trópicos um século depois?

Ao reivindicar o direito de Lula ser candidato nas eleições presidenciais de 2018, no Brasil, o Comitê de Direitos Humanos da ONU não está inovando nada.

Assim como Lula, Eugene Debs era um líder sindical combativo, que liderou uma greve nacional de 250 mil trabalhadores ferroviários no final do século 19 e, por isso, cumpriu seus primeiros seis meses de prisão, em 1894.

Debs foi um dos membros fundadores do Partido Socialista da América, assim como Lula liderou greves no ABC, no século passado, e criou o Partido dos Trabalhadores, que chegou ao poder em 2003.

A grande diferença da democracia brasileira para a americana é que, mesmo preso, Debs pode ser candidato a presidente, e aqui Lula não pode, por decisão de um juiz de primeira instância referendada por apenas três desembargadores do TRF-4.

Outra diferença entre o americano e o brasileiro, ainda maior, foi a votação de Debs nos Estados Unidos, onde sempre era um candidato nanico, sem chances de vencer e, no Brasil, Lula é o líder da intenção de votos, na faixa dos 40%, o que corresponde a 57 milhões de eleitores.

Por isso, a ONU e o resto do mundo não conseguem entender como quatro magistrados, que não foram eleitos por ninguém, podem ter mais força do que a ampla maioria do eleitorado de um país com mais de 200 milhões de habitantes. Que democracia é essa?

Para quem tanto gosta tanto de comparar o Brasil com os Estados Unidos, vale a pena refletir como as democracias funcionam em favor da maioria da população, ou não.

O líder sindical e socialista dos Estados Unidos morreu em 1926, “não muito tempo depois de ser internado em um sanatório devido a problemas cardiovasculares que se desenvolveram durante seu tempo de prisão”, como relata a Wikipedia, a enciclopédia livre.

Espero que meu velho amigo Lula não tenha o mesmo destino e possa, pelo menos, disputar a eleição deste ano, como recomendou decisão da ONU.

Valeu pela dica, caro Jobim, obrigado.

Com a palavra, os digníssimos ministros do Supremo Tribunal Federal, do qual Nelson Jobim já foi presidente em tempos mais democráticos, cargo hoje ocupado pela sambista Cármen Lúcia.

Vida que segue.



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