'[···]"Paulo, é trágico, porém é a
realidade." Este discurso é imoral e absurdo. A realidade não é assim, a
realidade está sendo assim. E está sendo assim não porque ela queira. Nenhuma
realidade é dona de si mesma. Esta realidade está assim porque estando assim
serve a determinados interesses do poder. Nossa luta é por mudar esta
realidade, e não nos acomodarmos a ela.' (*Paulo Freire)
Por Manoel Paixão
Em face dos últimos acontecimentos, mais precisamente a partir da conspiração que levou ao golpe de 2016, contra o Brasil, o povo e a democracia, vivemos tempos de instabilidade social, política, econômica e institucional, que levou o nosso país a essa situação de completo caos e de retrocessos.
Sob o golpe, amargamos, entre tantas coisas negativas e catastróficas, a baderna institucional, o estado de exceção policial e judicialesco, a insegurança jurídica, o ataque à nossa soberania nacional, a entrega dos recursos naturais e de setores estratégicos, a perda de protagonismo internacional, o sucateamento da educação e da saúde, os cortes em pesquisa científica e tecnológica, os cortes em programas e políticas de proteção social, a perda de direitos, o aumento do desemprego, a volta ao mapa da fome, e o crescimento da violência, da intolerância e do ódio, que em muito se deve ao avanço de uma onda fascista e da extrema-direita.
Diante do que vem acontecendo, me sinto no dever – como por vezes tenho feito aqui – de sempre trazer à tona a realidade dos fatos e alertar as pessoas para os rumos que o nosso país está tomando, sobretudo para despertar nestas uma consciência crítica e o interesse na luta por dias melhores.
E nesse momento, por estarmos às vésperas do primeiro turno das eleições, é meu dever dizer que o futuro do país com melhores condições de vida para todo o povo, dependerá da nossa participação cidadã no processo de escolha dos nossos governantes, exercendo o voto popular e de maneira consciente.
Que nessas eleições, possamos votar com consciência, escolhendo projetos de políticas públicas progressivas, voltadas para o desenvolvimento sustentável, o enfrentamento da pobreza, a geração de emprego e renda, a garantia dos direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras, a cidadania, a igualdade de oportunidades e a justiça social.
É fundamental também fazer escolhas no sentido de que estas possam reverter todo o retrocesso político e social causado pelo golpe, como a Reforma Trabalhista, a Terceirização, a PEC dos Gastos – que congela por 20 anos os investimentos públicos em saúde e educação –, a Reforma do Ensino Médio – que não ouviu os profissionais de educação e a comunidade escolar –, a entrega do Pré-Sal ao grande capital estrangeiro, etc.., e para barrar outros projetos e propostas golpistas em andamento, como por exemplo, a maléfica Reforma da Previdência.
Portanto, só a manifestação da vontade popular pode mudar essa realidade e reconstruir o Brasil, restabelecendo a democracia, reestruturando as instituições, retomando o projeto de país soberano e devolvendo a dignidade aos brasileiros e brasileiras. E não há outra saída para isso, senão pelo voto popular e pelas nossas escolhas conscientes.
Pense nisso antes de votar!
(*FREIRE, Paulo. Pedagogia do compromisso: América Latina e Educação Popular. 1ª ed. Indaiatuba, SP: Villa das Letras, 2008. p. 49.)
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