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A notícia está na coluna da sempre bem informada Mônica Bergamo, na Folha:
“O PDT defendeu na quarta que Ciro Gomes eleja Fernando Haddad como
alvo principal no debate da TV Globo que ocorre nesta quinta”.
Beleza. Bolsonaro fugiu do debate com um atestado médico, e seus
principais adversários vão se matar um ao outro, enquanto ele se diverte
no sofá assistindo tudo pela TV?
Se Ciro atacar Haddad, o petista vai ter que contra-atacar e ainda se
defender dos outros candidatos de direita, que só fazem campanha para
detonar o PT, a serviço de Bolsonaro.
Tem tudo para ser a chave de ouro de uma eleição maluca em que a
Justiça prendeu o líder nas pesquisas e deixa rolar livre nas redes
sociais a mais sórdida campanha de difamação contra um partido na
história republicana.
A baixaria é tão grande que já não dá para saber mais o que é fake
news e o que é notícia, tudo junto e misturado, nesta terra sem lei das
redes sociais, que decide eleições mundo afora, até nos Estados Unidos e
no Reino Unido.
Aqui o problema é mais grave porque junta a má-fé com a ignorância, a
ousadia dos idiotas com os interesses da alta finança nativa e de fora,
jogando num cassino de cartas marcadas o destino de um país de 208
milhões de habitantes.
Bolsonaro nem precisa fazer campanha. Há quase um mês sem sair às
ruas, recuperando-se da facada, passa o dia em casa recebendo apoios de
igrejas e das bancadas do boi, da bala e da bíblia, o conglomerado
suprapartidário que domina o Congresso Nacional.
Entre uma reunião e outra, grava vídeos para atacar Lula e o PT, a
sua principal bandeira de campanha, em que até agora não conseguiu
apresentar um único projeto viável de interesse para o país.
Sem ter o que dizer, ele será, é claro, o grande vencedor deste
debate, e se alguém criticá-lo pela ausência ainda vai posar de vítima.
Pobre país que já elegeu um Collor, o “caçador de marajás” inventado
pela imprensa, em nome do “combate à corrupção”, sem saber de quem se
tratava, para evitar a vitória de Lula ou Brizola, em 1989, como agora
joga suas fichas no aiatolá Bolsonaro para impedir que a esquerda volte
ao poder.
Sem espaço para “voto útil” nem “terceira via”, como queriam os
comentaristas “isentos”, a campanha entra na reta final com o cenário de
segundo turno definido pelo confronto entre Bolsonaro e Haddad,
antipetistas e petistas, a barbárie e a civilização.
Mais uma vez, teremos um embate entre esquerda e direita, agora com
Bolsonaro no papel dos tucanos, em que a eleição deverá ser definida
pelas rejeições.
Segundo o novo Ibope divulgado na noite de quarta, há um empate
técnico: 43% rejeitam Bolsonaro e 41% não votam em Haddad de jeito
nenhum.
Com o país rachado ao meio, quebrado e sem perspectivas de melhora na
economia nos próximos anos, o eleitor vai caminhar para a urna sem
grandes esperanças.
O velho Brasil das oligarquias e do autoritarismo e o novo Brasil
surgido dos movimentos sociais nos últimos anos estarão cara a cara.
Não tem mais meio termo, nem lugar no muro. Cada um de nós vai ter que decidir sem mimimi para que lado quer levar o Brasil.
Faltam agora apenas 72 horas.
Vida que segue.
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