'Deputados e senadores mostram que jogo
de poder começa agora: exigem cargos, cotas milionárias e outros interesses em
troca da aprovação de medidas, como a Previdência'
Jornal GGN – A aprovação da Reforma da
Previdência na Câmara deve contar com uma medida da “velha política” tão
criticada na bandeira de campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro. Isso
porque já se fala em uma cota de até R$ 10 milhões para cada deputado do
centrão votar favorável à proposta de Paulo Guedes e de Bolsonaro.
A informação foi divulgada por Bernardo
Mello Franco, em sua coluna nesta quinta-feira (21). De acordo com o
jornalista, o que os parlamentares estão pedindo é que cada “deputado novato
tenha direito a indicar R$ 7,5 milhões em obras e repasses federais” e que os
reeleitos tenham uma quantia de R$ 10 milhões disponibilizados.
O Planalto, que mais cedo mostrou
suscetível à negociatas e o receio de que a matéria, até então vista como
vencida no Congresso, poderá enfrentar barreiras e resistências, disse que pode
negociar. Dentro da Câmara, o líder do governo, Vitor Hugo (PSL-GO) disse que o
governo “não é dono da verdade e está aberto a negociações” sobre a reforma da
Previdência.
Mas Paulo Guedes não gostou e já disse,
logo em seguida, que ficará surpreso caso os parlamentares queiram mudar algum
trecho de sua proposta entregue nesta semana ao Congresso Nacional. Foi então
que o Planalto passou a vislumbrar a possibilidade dessas “negociações”.
Os pedidos dos parlamentares do Centrão
devem ser considerados pelo governo Bolsonaro, uma vez que representam um peso
significativo da presença de votos dentro da Casa Legislativa. Estes
parlamentares, contudo, sabem que o momento não é o melhor do cenário de
Bolsonaro na gestão do país, em meio à denúncias, instabilidades, etc.
Por isso, de acordo com Bernardo Mello
Franco, a bancada governista teria deixado claro que irá aproveitar a situação
para fazer “um acerto de contas com o Planalto”.
Além da disponibilização de R$ 7,5
milhões aos novatos e R$ 10 milhões aos veteranos, os requisitos dos
congressistas também atingem o governo construído por Bolsonaro, que não contemplou
todos os partidos aliados. Os cargos de primeiro, segundo e terceiro escalão
estão agora sendo cobrados.
“As primeiras conversas já tratam da
distribuição de cargos. As queixas nesse campo se multiplicam desde a montagem
do governo, quando Bolsonaro entregou três ministérios ao DEM e esnobou siglas
maiores. Nos últimos dias, aumentou a cobrança pela partilha no segundo e no
terceiro escalão”, escreveu o jornalista.
Um senador do PSDB teria indicado ao
colunista que Jair Bolsonaro estava tratando a Câmara e o Senado como “um
quartel”, que acataria qualquer de suas medidas. Mas “agora, [Bolsonaro] será
pressionado a dividir poder, fazer concessões e reabrir o balcão de negócios”,
teria afirmado o senador.
As nomeações e as cotas são ainda apenas
uma parte do “trato” para aprovar as medidas de interesse de Bolsonaro. A
bancada ruralista, por exemplo, quer manter os subsídios que Paulo Guedes quer
acabar.
Fonte: Publicado no Jornal GGN
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