Respeito aos direitos humanos e à
liberdade de expressão são dois fatores vitais nas democracias, e os primeiros
alvos dos regimes autoritários.
Por Ricardo Kotscho
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Jair Bolsonaro (FOTO: EVARISTO SA / AFP) |
Em menos de um ano no poder, o governo
de Jair Bolsonaro já foi alvo de 37 denúncias à ONU relacionadas a ações que
violam os direitos humanos.
“Em meio às comemorações do Dia Mundial
dos Direitos Humanos, nesta terça-feira, a constatação de organizações e
diplomatas é de que o Brasil vive seu pior momento internacional em termos de
direitos humanos desde o restabelecimento da democracia, em 1985”, informa o
correspondente Jamil Chade, no UOL.
Chade lembra que, recentemente, numa
reunião entre governos e ONGs, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth
Farani Azevedo, teve a petulância qualificar o Brasil como “exemplo de
inspiração” no que se refere aos direitos humanos.
Nas correspondências sigilosas e nas
conversas de bastidores de entidades internacionais o que se constata é
exatamente o contrário.
Até agora, 12 cartas sigilosas foram
enviadas pela ONU ao governo brasileiro para reclamar de violações cometidas
pelo Estado e cobrando providências.
Ameaças sofridas por líderes indígenas e
ações contra a liberdade de imprensa, assim como a falta de apuração dos
mandantes do assassinato de Marielle Franco são alguns dos temas tratados
nestas cartas.
“Profunda preocupação” ou “alarmados”
são algumas das expressões usadas pela ONU em relação às medidas adotadas pelo
governo, além de pedidos para que algumas das iniciativas sejam suspensas,
relata a reportagem.
Nesta mesma terça-feira, outra matéria
do UOL cita os resultados de pesquisa feita em 161 países pela ONG
internacional Artigo 19, em que o Brasil registrou a terceira maior degradação
no mundo em termos de liberdade de expressão.
“Estudo aponta que, com Bolsonaro,
liberdade no Brasil piorará ainda mais rápido”, escreve o repórter Alex Tajra.
Só na Polônia e na Nicarágua a liberdade
de expressão diminuiu mais do que no Brasil.
Ficamos em 70º lugar no ranking de
respeito à liberdade de imprensa, atrás de países como Gabão, República
Dominicana e Nigéria.
Respeito aos direitos humanos e à
liberdade de expressão são dois fatores vitais nas democracias, e os primeiros
alvos dos regimes autoritários.
Se somarmos esses números aos do IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano) divulgado pela ONU na véspera, em que o
Brasil aparece como o segundo país de maior concentração de renda no mundo,
atrás apenas do Catar, podemos resumir o que foram esses primeiros 11 meses de
governo Bolsonaro.
O principal inimigo do bolsonarismo não
é a oposição “comunista”, mas são os fatos e o Estado democrático de Direito.
Até quando as nossas instituições
resistirão ao avanço autocrata do capitão presidente em desabalada carreira
rumo ao caos para convocar as tropas?
Vida que segue.
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