Bolsonaro é e sempre foi uma fraude.
Nunca teve não tem e não terá condições de dirigir um país, ainda mais um com
as dimensões e as carências do Brasil.
Por Fernando Brito
Em meio a uma pandemia – o que é, ainda
que não a batizem assim -, em dia de caos no mercado financeiro e de ameaças à
paralisia total da já combalida economia brasileira, Jair Bolsonaro, no
exterior, ainda com os afagos de Trump e cercado de miaminions , dispara que as eleições (que o elegeram) foram fraudadas.
Diz ter provas, não diz quais e não as mostra.
E nem precisa. Se a imprensa o inquirir, dará bananas ou mandará seu clone
palhaço distribuí-las.
A bolsonarada visa
dois objetivos: distrair as atenções, enquanto a vaca nacional vai para o brejo
e fazer-se de vítima, enquanto articula o mais evidente ataque às instituições,
à frente de suas tropas virtuais, que urram pelo fechamento do Congresso e do
Judiciário.
Todos sabem – inclusive e sobretudo
políticos, jornalistas e juízes – que sim, houve fraude nas eleições passaas,
mas longe de ter sido na apuração dos votos. Derrubou-se um governo,
destruiu-se o partido majoritário no país e arrancou-se o candidato favorito em
todas as pesquisas eleitorais, com a ajuda ativa da mídia, do Judiciário e dos
partidos que – tolinhos! – julgavam que iam abocanhar o poder que pelas urnas
não lhe vinha à boca.
Não contavam com um outsider feroz que,
montado numa máquina virtual que excitava o fanatismo e a selvageria, tomaria
deles as coleiras na matilha de ódio que formaram. A qual, agora, volta-se
contra eles, porque o ex-capitão não é da política nem da negociação, é do
golpe e do totalitarismo.
À direita não-selvagem – ou ao pouco que
ela resta – e aos defensores da ordem democrática não se exige autocrítica nem
arrependimento. Basta o dilema em que se encontram, porque não possuem força
para resistir aos arroubos ditatoriais de Bolsonaro, ainda que esta chantagem
com massas na rua seja um tigre de papel, porque garras e presas do presidente
são outras: os militares e as polimilícias que
rejeitam a ordem constitucionais e estão prontas a se sublevar em nome de seu
“mito”.
Mas sabem que ainda não têm forças e
unanimidade interna para isso e, portanto, precisam cultivar a vitimização do
presidente, que não salva o país “apenas” porque não deixam, políticos e
tribunais, fazerem isso. A “esquerda” seria, como em 64, quem estaria
comprometendo a democracia, aquela das senhoras de cabelos de chapinha, de
senhores desocupados e a de jovens marombeiros, devidamente trajados de camisas
da CBF.
Para não lhes dar razão aos queixumes,
os chefes dos outros poderes fingem neutralidade. Dizem que votam pelo bem do
Brasil e ignoram, na Justiça, os grunhidos golpistas. Fingem ignorar tudo,
enquanto o país ameaça entrar numa fogueira econômica que não se sabe para que
lado irá arder.
Mas se sabe e se vê que Bolsonaro a
assopra e não será fingindo que não se vê que as brasas deixarão de produzir
labaredas.
Bolsonaro é e sempre foi uma fraude.
Nunca teve não tem e não terá condições de dirigir um país, ainda mais um com
as dimensões e as carências do Brasil.
Mas a cegueira ambiciosa do establishment, ao
encontrar no lixo este personagem e reaproveitá-lo como via de tomada do poder
num pais com a imunidade a aventuras deprimida por uma longa campanha de
sabotagem ao jogo democrático, o transformou numa epidemia.
Que precisa ser contida e não o será sem
riscos.
Fonte: Publicado no Tijolaço
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