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Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

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quarta-feira, 25 de março de 2020

Um presidente insano, por Ricardo Bruno


"A fisionomia de Bolsonaro não passou o mínimo da seriedade exigida pelo momento. O presidente exibiu em quase toda a sua fala um sorriso sonso, insolente, absolutamente inadequado. Era como se estivesse ali com o único propósito de alfinetar seus adversários preferenciais: a imprensa, a Rede Globo em especial, e os governadores Witzel e Dória", diz o colunista Ricardo Bruno, sobre o pronunciamento de Bolsonaro que deixou o país em estado de alerta

*Por Ricardo Bruno  
Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Adriano Machado / REUTERS)

O pronunciamento de Bolsonaro foi o atestado final de sua completa incapacidade de gerir o país. Com conteúdo impróprio e provocativo, trouxe apreensão ao País, dado o acúmulo de disparates e vilezas. Ao invés de fazer um chamamento à união dos brasileiros diante da hecatombe mundial decorrente da pandemia, preferiu mais vez minimizar seus efeitos, atacar a imprensa e fustigar os governadores que têm adotado postura responsável. 

Entre irônico e cínico, fez alusões indiretas à Rede Globo, ao conceituado Dráuzio Varela, afirmando que se o vírus acometesse pessoas como ele, supostamente atleta, teria o efeito “de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”. Em resumo, transformou o pronunciamento, que lhe é assegurado constitucionalmente em ocasiões especiais, num espaço livre para dar vazão à mesquinhez e à vilania de seu caráter. 

Irresponsável em grau perturbador, Bolsonaro criticou o fechamento das escolas e afirmou - no momento em que se vê escalada de casos e mortes - que a vida precisa voltar ao normal. Os brasileiros não mereciam isto: ver seu presidente em rede nacional expelindo boçalidades a mancheias. Um espetáculo que entrará para os anais tragicômicos da política nacional. 

Não satisfeito, atacou veladamente os governadores Witzel e Dória por estarem adotando – corretamente – duras medidas restritivas. “Algumas poucas autoridades devem abandonar o conceito de terra arrasada: a proibição dos transportes, o fechamento do comércio e o confinamento em massa”, disse ele para o espanto dos brasileiros que veem nestas três medidas alternativas seguras para o abrandamento da transmissão. 

A fisionomia de Bolsonaro não passou o mínimo da seriedade exigida pelo momento. O presidente exibiu em quase toda a sua fala um sorriso sonso, insolente, absolutamente inadequado. Era como se estivesse ali com o único propósito de alfinetar seus adversários preferenciais: a imprensa, a Rede Globo em especial, e os governadores Witzel e Dória. 

Bolsonaro não falou aos brasileiros com a grandeza e a responsabilidade de um chefe de nação; fez do pronunciamento oficial um amontoado de imbecilidades e pequenas provocações; uma peça de conteúdo impróprio e obscurantista, ao negar a gravidade do momento. 

Foi terrivelmente menor do pouco que ainda se espera dele. Foi perigosamente irresponsável. E tristemente, insano. 

A cada dia, a cada entrevista, a cada mensagem, Bolsonaro prova que não pode mais continuar à frente do Brasil, sob pena de destruí-lo irremediavelmente.


*Jornalista político, apresentador do programa Jogo do Poder (Rio) e ex-secretário de comunicação do Estado do Rio




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