"A coincidência da morte de
Bebbiano no mesmo dia que marca o 2º ano do assassinato da Marielle ativa a
memória sobre as coincidências e mortes que rondam os Bolsonaro", escreve
o colunista Jeferson Miola, que também lembra de mortes como a de Marielle
Franco e a do ex-miliciano Adriano da Nóbrega
Por Jeferson
Miola
Mesmo com a informação preliminar – pois
não foi divulgado laudo necroscópico – de que Gustavo Bebiano morreu infartado
no seu sítio acompanhado de um filho, é inevitável não se lembrar de incríveis
coincidências que rondam os Bolsonaro.
É uma vida FaMiliciar frenética
e atribulada. Envolve sumiços de arquivos-vivos como Fabrício Queiroz; e as
mortes de desafetos, inimigos ou de seres “incômodos”, como foi o caso do
miliciano e “herói” Adriano da Nóbrega.
Nunca é demais lembrar que, também por
pura coincidência, a mãe e a esposa do miliciano Adriano trabalharam no
gabinete de Flávio Bolsonaro até dezembro de 2018, quando estourou a
investigação de Flávio pelos crimes de organização criminosa, peculato e
lavagem de dinheiro.
No dia da execução de Adriano na Bahia –
por coincidência, na chácara de um político bolsonarista do PSL –, cujas
circunstâncias da queima de arquivo estão longe de serem elucidadas, Eduardo
Bolsonaro – naturalmente que por óbvia coincidência – estava sozinho, sem a
esposa, visitando Salvador, a capital baiana, pela 1ª vez na vida. Pelo visto,
apenas a coincidência da pessoa certa estar no lugar certo e na hora certa!
Não deixa de ser outra incrível
coincidência a morte de Bebbiano acontecer no 14 de março que marca o 2º ano
dos assassinatos da Marielle e do Anderson.
Estes assassinatos, aliás, como tudo no
entorno dos Bolsonaro, continuam envoltos em mistérios e suspeitas do
envolvimento de milícias e milicianos que, por coincidência, têm vínculos
políticos e mantêm sociedade e negócios com o clã.
Um dos acusados do assassinato, Ronnie
Lessa, além de suspeito de envolvimento com tráfico internacional de armas, por
coincidência é vizinho de condomínio do Bolsonaro. Residia apenas 4 casas
adiante a de Jair e próximo da de Carlos. No Vivendas da Barra, claro.
As coincidências que ligam a FaMilícia ao
submundo vêm de longa data, e seguem a trilha aberta pelo patriarca do clã. Em
1995, Jair Bolsonaro foi assaltado e os assaltantes levaram sua motocicleta
Honda Sahara de 350 cilindradas e uma pistola Glock calibre 380.
Em reportagem em agosto de 2018, a
revista Época [aqui] reproduz comentário de Bolsonaro sobre o assalto
no programa Roda Viva, em que ele disse: “Dois dias depois, juntamente com
o 9º Batalhão da Polícia Militar, nós recuperamos a arma e a motocicleta e por
coincidência — não é? — o dono da favela lá de Acari, onde foi pega… foi
pego lá, lá estava lá, ele apareceu morto, um tempo depois, rápido. Não
matei ninguém, não fui atrás de ninguém, mas aconteceu”.
A reportagem cita que “A coincidência mencionada
pelo deputado [Bolsonaro] na ocasião foi a morte de Jorge Luís dos
Santos, poderoso traficante da favela de Acari. Ele havia sido preso oito meses
depois do roubo da motocicleta. Vivia até então confortavelmente em um
condomínio de casas em Salvador. Transferido para o Rio, foi encontrado morto
em sua cela antes do amanhecer, enforcado com a própria camisa, ajustada em um
nó de marinheiro”.
A esposa e a sogra do assaltante, que
não aceitaram a versão de suicídio e diziam que Jorge tinha sido executado,
tiveram o mesmo destino: “Um mês depois, ela e a mãe apareceram mortas a tiros
às margens da Rodovia Presidente Dutra”, relatou Época.
Nem mesmo o episódio da suposta facada
em Juiz de Fora foge deste padrão de mistérios, coincidências e obscuridades.
Adélio Bispo foi providencialmente isolado e blindado em presídio federal de
segurança máxima, então é difícil conhecer sua versão dos fatos.
Antes do episódio, embora desempregado,
por coincidência ele conseguiu a proeza de frequentar o caro clube de tiro
frequentado pelos Bolsonaro na Grande Florianópolis.
Mas as coincidências com Adélio não param
por aí. Depois da sua prisão, a dona da pensão onde ele se hospedou em Juiz de
Fora, assim como seu parceiro de quarto, misteriosamente apareceram mortos.
Se poderia citar muitas outras
coincidências, como o tráfico internacional de 39 kg de cocaína em avião da
frota presidencial, mas não isso não vem ao caso.
Como dito no início, a coincidência da
morte de Bebbiano no mesmo dia que marca o 2º ano do assassinato da Marielle
ativa a memória sobre as coincidências e mortes que rondam os Bolsonaro.
Esta evocação é inevitável. Afinal,
Bebbiano conhecia os meandros da campanha presidencial e muito a respeito da
monstruosa farsa que levou o líder fascista da extrema-direita ao poder.
É asquerosa e nojenta a oligarquia que
viabilizou esta deformidade para poder pilhar e saquear brutalmente as riquezas
e da renda do Brasil e que, em vista deste brutal processo predatório, é
complacente com a permanência do Bolsonaro na presidência da República, em que
pese os crimes de responsabilidade que ele já cometeu e continua cometendo.
A degradação do Brasil atingiu um nível
inaudito. É vergonhoso perceber que a elite canalha se refestela roubando a
Nação cuja história está sendo registrada nas páginas criminais.
Fonte: Publicado no Brasil 247
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