"O inteiro edifício da democracia
constitucional fica em razão disso minado à sua raiz: pela intolerância em
relação ao pluralismo político e institucional; pela desvalorização das regras;
pelos ataques à separação de poderes, às instituições de garantia, à oposição
parlamentar, aos sindicatos e à liberdade de imprensa; pela rejeição, em
síntese, do paradigma do Estado constitucional de direito como sistema de
vínculos legais impostos a qualquer poder." (Luigi Ferrajoli*)
Por Manoel Paixão
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Foto: Reprodução |
Meu caro leitor e minha cara leitora,
Já lhe digo que serei breve e peço que
me perdoe se a crítica soar um tanto repetitiva, mas diante da gravidade das últimas
infrações cometidas por Bolsonaro, por mais que possa te incomodar, não poderia
deixar de me manifestar.
Não resta a menor dúvida – exceto para
os admiradores incondicionais do bolsonarismo e os incautos, que por ora
encontram-se iludidos –, de que a situação vivida hoje no Brasil esteja se
tornando perigosa demais.
Na sanha incontrolável e descarada do desgoverno
de plantão, sobra ataques e afrontas a pessoas, aos grupos étnicos e sociais, aos
movimentos populares, às organizações não governamentais, aos direitos humanos,
à liberdade de expressão e de imprensa, às instituições públicas, à
Constituição e à democracia.
Esses ataques e afrontas, partem do próprio
Bolsonaro e de pessoas diretamente ligadas a ele, são sucessivos e constatados
quase que diariamente, e vão desde declarações ofensivas e preconceituosas até demonstrações
de agressividade e falta de decoro.
Em relação a isso, duas coisas podem ser
facilmente observadas. Primeiro, que Bolsonaro escancara sua total desqualificação
para a presidência da República, porque além de sua incapacidade política, também
é sem educação, sem modos, sem compostura e sem civilidade e, segundo, que
o autoritarismo está em curso no Brasil com o bolsonarismo e seus grupos conservadores
de direita e de extrema-direita, que atuam dentro e fora do desgoverno.
Como eu já havia dito aqui no blog, no
que se refere a governar de fato, como se espera de um presidente da República, nadica de nada. Cabe ainda ressaltar, que o bolsonarismo surgiu das entranhas de uma
classe dominante truculenta, reacionária e entreguista, e que ganhou projeção com
o pretexto do combate à corrupção, com a operação Lava Jato e seus
desdobramentos, com o golpe de 2016, com o grande acordo nacional, com o STF e
com tudo.
Assim, Bolsonaro segue, cada vez mais
sem limites e sem freios, ridicularizando o nosso país, menosprezando a Constituição,
as instituições e os valores democráticos, ameaçando os interesses populares e
agredindo qualquer um que o critique, o confronte e divirja dele e do que está
acontecendo.
E tudo isso já foi longe demais, não pode mais ser tolerado. É necessário quanto antes, que Bolsonaro seja contido e colocado no seu
devido lugar.
Resta saber até quando farão vista
grossa para os desmandos e absurdos cometidos por ele e pessoas do seu desgoverno?
(*FERRAJOLI, Luigi. Poderes selvagens: A crise da democracia italiana. São
Paulo: Saraiva, 2014. p. 13-14. Coleção saberes críticos)
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