Como é saudável viver um amor sem medo, sem cobranças, sem jogos de desinteresse e sem
insistência para o outro ficar. Como é bom ver o outro nos escolher todos os
dias, mesmo a gente não merecendo, às vezes… como é bonito a serenidade de um
amor tranquilo.
Quando somos mais jovens, amamos sofrer. Amamos a angústia, a dor, os vai e vens da vida. É engraçado como nos deliciamos com essas histórias que parecem aquelas que vemos na TV. Não sei se é ingenuidade ou falta de vivência. A verdade é que demoramos para perceber a beleza de um amor sadio, a beleza da tranquilidade, do abraço sincero e da paz. De um relacionamento sem brigas, sem discussões desnecessárias e que faz a gente ter a certeza de que o outro sempre estará lá por nós. Uma certeza boa daquelas que faz a gente sentir que ganhou na loteria.
Demoramos muito para ver a beleza da transparência, da afinidade e de alguém que seja nosso porto seguro. Descarto assim os amores egoístas cheios de “eu” e pouco de “nós”. Amores rasos de pessoas vazias que tentam encher a si mesmo esvaziando ao outro. Isso dói, machuca. E a gente, por ingenuidade ou por falta de vivência, acaba aceitando doar, mesmo sem receber. Acaba aceitando se esvaziar e permanecer na “mornidão” de um amor raso, imaturo.
É uma pena levar tanto tempo para assumir para nós mesmos que não aceitamos mais qualquer coisa. Qualquer abraço, qualquer beijo, qualquer afeto e qualquer relacionamento.
É uma pena que tenhamos que nos ferir tanto, chegar ao nosso limite para contemplar e reconhecer a beleza de um amor maduro.
Depois de muito tempo entendemos
que viver chorando não é sinônimo de amar demais. Que insistir em ficar quando
o outro quer partir é um ato contra o nosso amor-próprio. É uma pena ver que
precisamos primeiro nos despedaçar para só então nos conhecermos de fato. Que
precisamos aceitar tão pouco para ver que aquilo não nos bastava. Depois de se
achar problema, de tentar fazer dar certo inúmeras vezes, de insistir, de
implorar para que o outro fique, a gente cansa. Desmorona. Mas se recompõe.
E é aí que entendemos a beleza da
parceria, da cumplicidade e do amor. Aquele amor bonito que a gente não sofre
por amar. Aquele amor vivido e sentido a dois. Ah, como é bom
transbordar.
Como é saudável viver um amor sem
medo, sem cobranças, sem jogos de desinteresse e sem insistência para o outro
ficar. Como é bom ver o outro nos escolher todos os dias mesmo a gente não
merecendo, às vezes… como é bonito a serenidade de um amor tranquilo.
Demoramos muito tempo para
reconhecer o que é amor. E pode ser que você, lendo esse texto, não tenha
vivido o amor ainda. Sofre, chora, sente e insiste: é amor. E sabe, eu o
entendo. Demoramos muito para reconhecer a beleza da paz. A beleza de um amor
maduro e que não nos faça mal.
Levamos muito tempo para distinguir
amor de apego. Amor de comodismo. Levamos tempo para reconhecer que rotina
não é relacionamento e que estar junto não é necessariamente se
relacionar.
Depois de um tempo entendemos a
beleza dos filmes, das séries e dos jantares a dois. Entendemos que
cumplicidade vai além de estar ao lado fisicamente e que, mesmo depois de tanto
tempo, o amor só aumenta e jamais diminui e que não existe essa de “não ser
mais novidade.” Demoramos. Mas aprendemos e é essa a beleza da vida: reconhecer
e recomeçar.
*Texto inspirado na declaração de
Tatá Werneck para o seu namorado Rafa Vitti.
Fonte: Publicado no site O Segredo
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