O relatório final da Polícia Federal
referente a Operação Cui Bono, que investiga irregularidades e desvios
na Caixa Econômica Federal na época em que o ex-ministro Geddel Vieira
Lima era vice-presidente de Pessoa Jurídica da instituição, dedica um
capítulo inteiro à suspeita de tentativa da compra do silêncio do
ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Câmara e do doleiro Lúcio
Funaro, apontado como operador de propinas do MDB, por parte de Michel
Temer.
"Segundo o relatório, 'no edifício probatório dos autos do inquérito
4483/STF', da Operação Patmos, 'foram verificados indícios suficientes
de materialidade e autoria atribuível a Michel Miguel Elias Temer Lulia,
Presidente da República, no delito previsto no Artigo 2.º, inciso 1, da
12.850/13, por embaraçar investigação de infração penal praticada por
organização criminosa'", diz o documento.
No inquérito, a PF pediu o indiciamento de 16 pessoas suspeitas de
terem participado das irregularidades investigadas, dentre elas Cunha, o
ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA), Lúcio Funaro, e executivos dos
grupos Marfrig, Bertin e J&F, além do empresário e dono da Gol
Linhas Aéreas, Henrique Constantino. Temer é apenas citado no inquérito
em virtude de possuir foro privilegiado.
Segundo a PF, Temer teria incorrido no crime de obstrução da Justiça
"na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos a
Eduardo Cunha, pelo empresário Joesley Batista, ao tempo em que deixou
de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção de membros da
Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que lhe fora
narrada pelo mesmo empresário".
Trecho do relatório diz respeito a uma gravação feita por Joesley
Batista no dia 7 de março de 2017 durante um encontro com Temer no
Palácio do Jaburu, em Brasília. No áudio, Joesley fala de providenciar
uma ajuda financeira a Cunha e a Funaro para que eles não firmassem um
acordo de delação com o Ministério Público Federal (MPF). Na ocasião,
Temer teria avalizado o pagamento ao afirmar que o empresário "tem que
manter isso, viu?".
Temer já foi alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) que acabaram arquivadas pela Câmara dos Deputados.
Fonte: Publicado no Brasil 247
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