Por Pedro Schmaus
Um jovem advogado foi indicado para inventariar os pertences de um
senhor recém falecido. Segundo o relatório do seguro social, o idoso não
tinha herdeiros ou parentes vivos. Suas posses eram muito simples. O
apartamento alugado, um carro velho, móveis baratos e roupas puídas.
“Como alguém passa toda a vida e termina só com isso?”, pensou o
advogado. Anotou todos os dados e ia deixando a residência quando notou
um porta-retratos sobre um criado mudo.
Na foto estava o velho
morto. Ainda era jovem, sorridente, ao fundo um mar muito verde e uma
praia repleta de coqueiros. À caneta escrito bem de leve no canto
superior da imagem lia-se “sul da Tailândia”. Surpreso, o advogado abriu
a gaveta do criado e encontrou um álbum repleto de fotografias. Lá
estava o senhor, em diversos momentos da vida, em fotos em todo canto do
mundo.
Em um tango na Argentina, na frente do Muro de Berlim, em
um tuk tuk no Vietnã, sobre um camelo com as pirâmides ao fundo, tomando
vinho em frente ao Coliseu, entre muitas outras. Na última página do
álbum um mapa, quase todos os países do planeta marcados com um
asterisco vermelho, indicando por onde o velho tinha passado. Escrito à
mão no meio do Oceano Pacífico uma pequena poesia:
Não construí nada que me possam roubar.
Não há nada que eu possa perder.
Nada que eu possa tocar,
Nada que se possa vender.
Não há nada que eu possa perder.
Nada que eu possa tocar,
Nada que se possa vender.
Eu que decidi viajar,
Eu que escolhi conhecer,
Nada tenho a deixar
Porque aprendi a viver.
Eu que escolhi conhecer,
Nada tenho a deixar
Porque aprendi a viver.
Abraço!
Fonte: Publicado na Revista Pazes
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