'Os alvos dos “patriotas” que usaram verde, amarelo e
a bandeira dos EUA para desfilar foram Rodrigo Maia, o centrão, o STF, o MBL e
o general Mourão.'
Por Renato
Rovai
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Após o sucesso das manifestações em defesa da educação no dia
15 de maio, Bolsonaro convocou sua tropa para ir às ruas neste dia 26. Havia
muita expectativa acerca do tamanho delas, principalmente depois que movimentos
como MBL e Vem Pra Rua, entre outros, decidiram não apoiar a decisão do
presidente.
Se os atos não foram um mico total, o resultado geral é mais
negativo do que positivo para Bolsonaro. Só no Rio de Janeiro e em São Paulo
que as manifestações tiveram alguma relevância. E mesmo na avenida Paulista,
local que concentrou mais gente, a frase que melhor define o que ocorreu é a do
colunista da Folha, José Simão.
“Paulista! Apertando dá dois quarteirões! Muito vácuo, se
fosse escola de samba já tava desclassificada”.
Os espaços em branco também foram grandes na orla de
Copacabana. E imensos em Brasília, que talvez tenha sido o grande fiasco do
dia. A esplanada ficou vazia.
Voltando ao ato da Paulista que tem sido apontado como um
enorme sucesso pelos bolsonaristas, ele foi menor, por exemplo, que os
convocados pelo PT para defender Dilma do impeachment. Isso quer dizer muita
coisa, principalmente para um governo que ainda não completou cinco meses.
Dilma já era presidente há 4 anos quando os atos contra ela
foram grandes. E o PT já estava à frente da presidência há 12 anos.
Algumas pessoas têm feito outra relação. Dizem que Bolsonaro
se mostrou muito mais forte do que Fernando Collor que fez um pronunciamento à
nação em 13 de agosto de 1992 pedindo para que as pessoas fossem às ruas no
domingo seguinte usando verde e amarelo para defenderem seu governo. Naquele
dia 16 o Brasil se vestiu de preto e tomou as ruas. O impeachment passou a ser
questão de tempo.
De fato isso não ocorreu com Bolsonaro e ele teve gente para
lhe defender, mas naquele momento Collor já tinha 1 ano e meio de governo.
Bolsonaro não tem sequer meio.
Os alvos dos “patriotas” que usaram verde,
amarelo e a bandeira dos EUA para desfilar foram Rodrigo Maia, o centrão, o
STF, o MBL e o general Mourão.
Se quem ataca às vezes esquece, quem é atacado costuma anotar
a agressão.
Ou seja, os alvos de hoje estão putos e vão querer dar o
troco amanhã.
E se a situação de Bolsonaro não está fácil no Congresso ela
tende a ficar muito pior a partir de hoje. Consequência direta é que sem o
Congresso um governo que ainda tem três anos e meio de mandato não pode fazer
muita coisa.
O país fica instável e os investimentos tendem a não voltar.
Com a ampliação da crise a paciência daqueles que não são seus eleitores
fundamentalistas vai acabando. Nesta toada não demorará muito para que sua base
volte a ser algo entre 15% e 20%, que é o seu verdadeiro eleitorado. Aquele que
lhe prometia voto antes da facada.
Se Bolsonaro voltar a este patamar os que foram alvos dele
hoje vão comer o prato frio da vingança. E aí o atual presidente vai perceber
com clareza que definitivamente não foi uma boa ideia para o governo convocar
as manifestações de hoje.
Fonte: Publicado no Blog do Rovai
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