Reforma
transforma idosos em empecilho ao progresso, apontou Denise Gentil. 'É assim
que se sentem 30 milhões de pessoas no país que recebem benefício da
Previdência'
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Denise: “há no debate muitos mitos e o primeiro mito é esse, o de que temos um rombo fiscal na Previdência". (Foto: REPRODUÇÃO) |
São Paulo – O
problema da Previdência no país não é fiscal, é de distribuição de renda,
defendeu na tarde desta terça-feira (28) a professora da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) Denise Gentil, ao participar de audiência pública na
comissão especial da Câmara sobre a “reforma” da Previdência. “O discurso
do déficit da Previdência é para silenciar os indecisos e aterrorizar a
população”, disse ainda a professora em sua crítica ao projeto do governo, que
inviabiliza a aposentadoria para os trabalhadores.
Destacando
sempre que o problema é de distribuição de renda, Denise disse que “há no
debate muitos mitos e o primeiro mito é esse, o de que temos um rombo fiscal na
Previdência, de R$ 227 bilhões atualmente, segundo o Tribunal de Contas da
União (TCU), e assim deveríamos fazer o ajuste fiscal”.
Mas a professora
destacou que está fora do debate o fato de que no período de 2005 a 2015 houve
superávit na seguridade social do país. “E esse superávit alcançou o montante
de R$ 957 bilhões, a preços de 2016.”
Durante esse
período, segundo a professora, os recursos foram desviados dos mais
necessitados (Bolsa Família, inválidos, BPC, deficientes físicos, entre
outros). “E quando a Previdência começa a ter receita menor do que o gasto, a
partir de 2016, nós recebemos a mais dura e cruel reforma da Previdência que já
foi proposta”, criticou.
“De fato, é um
desacato aos brasileiros transformar os idosos em um empecilho ao progresso, em
um entrave ao desenvolvimento. É assim que se sentem 30 milhões de pessoas no
país que recebem benefício da Previdência. Sentem-se como fardos da sociedade,
mas sempre contribuíram”, afirmou.
Denise também
lembrou que o déficit é questionável do ponto de vista das regras
constitucionais – artigos 195 e 196 da Constituição. “Lá diz que o Estado deve
complementar as receitas”, afirmou, ressaltando que os deputados constituintes,
na época da concepção da Carta Magna, criaram um “cinturão protetor” da
política social, que não está sendo considerado pelo governo e os que defendem
a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019.
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