Por
No dia 29 de
dezembro de 2018, três dias antes da posse de Bolsonaro, escrevi uma coluna na
página 2 da Folha com este título:
“Vem aí outro
Jânio Quadros?”.
Diante do
desastre ferroviário do governo Bolsonaro, como diria Mino Carta, em menos de
cinco meses já tem muita gente comparando estes dois presidentes, mas isso é
injusto.
Jânio também
tinha jeito de maluco, mas era professor, um homem culto.
Antes ser de
eleito presidente, foi prefeito e governador de São Paulo e, em seu governo,
contou com ministros muito competentes e respeitados.
Bolsonaro é
completamente tosco, um ignaro, militar expulso do Exército por indisciplina,
que durante sete mandatos foi um deputado do baixo clero, completamente
inexpressivo, dedicado a xingar seus adversários e defender a ditadura e a
tortura. E seu ministério é uma piada, um circo de horrores.
O que, afinal,
eles tinham em comum?
Foi o que
escrevi no texto da véspera da posse:
“Jânio não era
um homem de partido, não pertencia a nenhum clã político, combatia a velha política,
andava em mangas de camisa, encarava o moralismo autoritário e fez da vassoura
seu símbolo numa campanha baseada no combate à corrupção”.
As semelhanças
terminavam aí. Mas agora surge outro replay, como está no subtítulo da coluna:
“Após surgir como
um furacão, ele jogou tudo para o alto e afundou o país”.
É o que está
prestes a acontecer novamente.
Em lugar da
vassoura, Bolsonaro faz arminha com os dedos, ameaça metralhar os adversários,
tem chiliques quando fala com a imprensa e não faz a menor ideia de para onde
está indo.
Temo que, como
Jânio, ele também esteja pensando em fechar o Congresso num autogolpe para
voltar nos braços do povo.
Se não deu certo
com Jânio, que era muito mais preparado do que ele, e acabou indo no seu
Fusquinha para Santos, onde embarcou num navio cargueiro para a Inglaterra,
agora um surto autoritário desses só pode acabar em tragédia.
Estamos falando
de algo que aconteceu quase 60 anos atrás, e parece que o Brasil não aprendeu
nada.
Elegemos outro
doido varrido, um ex-militar ressentido, que só quer se vingar dos seus
superiores, e de todos os que se colocarem no seu caminho para cumprir as leis
e defender a democracia.
Jânio podia ser
louco, mas não rasgava dinheiro, ao contrário desse idiota inútil, que está
destruindo o país, para combater o “comunismo” que só existe na imaginação
dele.
Além disso, o
vice de Jânio era João Goulart, um democrata trabalhista, que queria fazer as
reformas de base e defender o patrimônio e a soberania nacionais, na contramão
do entreguismo do capitão Jair Bolsonaro, disposto a oferecer o Brasil de
porteira fechada.
As lições do
passado deveriam servir para não repetirmos os mesmos erros, mas agora é tudo
muito pior.
Dá até saudade
dos tempos alucinados de Jânio Quadros e dos seus bilhetinhos. Era tudo muito
mais engraçado.
Esse pessoal
boçalnariano não tem graça nenhuma. Além de medíocres, são todos figurinhas
tristes.
Quem será capaz
de parar este trem fantasma desgovernado?
Vida que segue.
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