"Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados." ― Vladimir Herzog

Obrigado pelo acesso ao nosso blog
!

Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.

Painel Paulo Freire, obra de Luiz Carlos Cappellano.
#PauloFreireMereceRespeito #PatonoDaEducaçãoBrasileira #PauloFreireSempre

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Ministro ignora contexto que pode devolver Brasil ao mapa da fome

Há pelo menos 2 anos especialistas vem alertando para o risco de o Brasil voltar ao Mapa da Fome, mas ministro se escuda em dados de 2014
Foto: Agência Brasil
Jornal GGN – O ministro da Cidadania Osmar Terra mostrou nesta quarta (24) que Jair Bolsonaro não é a única pessoa no governo ignorando que o atual contexto social e econômico aumenta as chances de o Brasil retornar ao mapa da fome.

Na semana passada, Bolsonaro disse que é uma “grande mentira” que há brasileiros passando fome no Brasil.

Agora, Terra afirma à Rádio Gaúcha que a fome não é mais um “problema de saúde pública” no País e que a obesidade é mais preocupante – como se uma questão anulasse a outra.

“Não existe fome endêmica. Estamos com os índices iguais aos países mais avançados do mundo nesta questão da subnutrição”, comentou, agarrando-se a dados de 2014, quando o País deixou o mapa da fome.

“Então, não há um motivo para acusar o governo ou dizer que a fome voltou ou é um grande problema no Brasil. A obesidade mata mais, inclusive, que os homicídios no Brasil”, acrescentou.

O governo Bolsonaro ignora que, ao menos desde 2017, pesquisadores vem alertando para pelo menos 3 ingredientes que podem devolver o País ao mapa da fome em breve: o desemprego alto, o contingenciamento do orçamento público (e aprovação de projetos como a PEC do Teto dos Gastos) e o enxugamento de programas sociais, como o Bolsa Família.

Começou com o governo Temer a ideia de fazer um pente-fino no programa de transferência condicionada de renda criada por Lula e, desde então, milhares de famílias ficaram desemparadas sob o pretexto de acabar com “fraudes” e má gestão.

Esse dado que Osmar comemora, de quando o País deixou o mapa da fome, ficando teoricamente no mesmo patamar de nações desenvolvidas, pode ser revertido nos próximos anos, se o governo não mudar de rota.

O mapa da fome, criado pela FAO, recebe dados de cada País para analisar a situação de pobreza e subalimentação. No Brasil, é o IBGE que faz o levantamento.

Em 2017, a FAO publicou uma estatística para a América Latina indicando que, até 2016, não havia sinais de aumento da fome a despeito dos efeitos da crise de 2015.

Mas é esperada uma alteração nos resultados dos anos seguintes, pois o IBGE vem detectando aumento na pobreza extrema – só de 2016 para 2017, essa parcela da população cresceu 11%. Dados que têm impacto nas análises da FAO.

Segundo artigo do diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, para impedir a volta do Brasil ao mapa da fome, é preciso, “além dos gastos públicos com programas sociais, (…) promover um crescimento inclusivo e substantivo – muito além dos atuais 1% ao ano –, e que gere empregos de qualidade.”

“O governo brasileiro será sempre o primeiro a ter conhecimento da situação da pobreza e da segurança alimentar no país, pois é ele que fornece os dados utilizados pela FAO”, lembrou.

O problema muda de caráter quando um novo governo se declara inimigo dos dados e nega a realidade à sua volta.



Nenhum comentário: