Por Kiko Nogueira
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Eduardo Bolsonaro e Saif, filho de Muamar Kadafi |
Quando o Brasil pariu Bolsonaro
presidente, não estava combinado que seus filhos atuariam como príncipes
herdeiros, ocupando espaço no governo — extra oficialmente — para não dar na
cara o nepotismo.
A cena não é nada diferente do que se
viu com as crias dos ditadores africanos e dos líderes do mundo árabe.
Não há nada no currículo de Eduardo
Bolsonaro, a não ser o parentesco, que justifique seu papel em Washington como
embaixador.
Seus convescotes com membros do governo
e do Congresso americanos nos últimos meses foram, segundo ele mesmo, uma
tentativa de “abrir o canal e resgatar a credibilidade do Brasil”.
Resta para Ernesto Araújo, o chanceler
nomeado por Jair, escrever artigos doidivanas denunciando o “marxismo cultural”
e explicando como o chefe o mandou limpar o Itamaraty da “ideologia do PT”.
Eduardo resumiu suas credenciais: fritou
hambúrguer e fez intercâmbio numa cidade remota.
A empresários e investidores americanos,
já se apresentou como “o cara que está com o presidente durante os churrascos”.
Conversou com Jared Kushner, genro e
conselheiro de Trump, judeu ortodoxo instrumental na decisão dos EUA de mudar a
embaixada em Israel de Telaviv para Jerusalém, contrariando resolução da ONU.
Questionado sobre os planos do Brasil
para isso, Eduardo foi enfático: ”A questão não é perguntar se vai. A questão é
perguntar quando será”.
Até agora, nada.
Eduardo guarda semelhança — inclusive
física — com Saif al-Islam Kadafi, segundo filho do ditador líbio Muamar
Kadafi, assassinado em 2011 após 42 anos no trono.
Mais velho que Eduardo, com uma formação
acadêmica sólida, Saif ficou amicíssimo de Jörg Haider, milionário líder
da ultradireitaaustríaca, quando cursava Administração e Direção de
Empresas em Viena.
Eduardo é bróder de Steve Bannon, o
estrategista de Trump, cabeça de uma fundação para partidos nacionalistas
protofascistas chamada O Movimento.
Saif não ocupava cargo oficial no
primeiro escalão, mas era o homem de confiança de Kadafi nas relações
internacionais.
Tocou os acordos de indenização às
famílias das vítimas do atentado de Lockerbie de 1988 e do atentado
ao DC-10 da companhia UTA, de 1989.
Ao contrário de Eduardo, Saif era poliglota. Tido
como um primeiro ministro de facto, era odiado pelos colaboradores diretos de
Kadafi.
Caiu em desgraça junto com o pai.
Capturado pela milícia Zintan após o fim
da guerra civil líbia, foi condenado à morte em 28 de julho de 2015 por crimes
contra a humanidade.
Em 2017, foi libertado e anistiado.
Anunciou em março que se candidataria a
presidente da Líbia. Não deu em nada. Ainda tem contra si um mandado de captura
do Tribunal Penal Internacional.
Assim é a vida desses garotos mimados.
Uma hora a conta chega para o papai e
para eles.
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