O Supremo perdeu
um dia inteiro para dizer: vocês podem vender o filet mignon limpinho e sem
osso, mas a pelanca vocês deixam na empresa mãe que ninguém vai querer nem de
graça, então a União liquida e assume o passivo, como na primeira onda de
privatizações.
Qual a diferença
entre dispensar licitação para vender ativos (pode ser o total do ativo) sendo
desnecessária a aprovação do Congresso e vender a empresa mãe? Da PETROBRAS
pode-se vender tudo, SEM LIMITE, gasodutos, refinarias, navios, plataformas,
tanques, sem necessidade de licitação e sem aprovação do Congresso, mas não
pode vender a PETROBRAS S.A., que depois de esvaziada dos ativos só terá os
passivos, quer dizer, as dívidas. A turma dos neoliberais vai ter congestão de
tanto rir.
O Supremo perdeu
um dia inteiro para dizer: vocês podem vender o filet mignon limpinho e sem
osso, mas a pelanca vocês deixam na empresa mãe que ninguém vai querer nem de
graça, então a União liquida e assume o passivo, como na primeira onda de
privatizações.
Para ficar mais
gostoso, o dirigente da estatal SEM LICITAÇÃO e SEM LEILÃO pode fixar o preço e
as condições de venda e ESCOLHER o comprador, como bem entender, sem dar
satisfação a ninguém. É um festim dos céus, ninguém poderia sonhar com coisa
melhor, também pode escolher o banco advisor, o banco avaliador, o banco que
faz a modelagem, o banco corretor, podem ser bancos amigos, de ex-colegas de
mercado, pode fazer o que quiser.
A empresa mãe,
essa vocês não podem vender sem licitação, é UMA OFENSA À INTELIGÊNCIA. O que
vale uma estatal sem ativos? O que vale a PETROBRAS sem gasodutos, refinarias e
plataformas do pré-sal? Se os ativos vão embora, ficam as dívidas na empresa
mãe, MAS ESSA NÃO PODE VENDER, então as dívidas ficam com o Estado, como no
caso da SIDERBRAS, da CIBRAZEM, da TELEBRAS, da REDE FERROVIÁRIA FEDERAL e mais
43 estatais federais que no Plano de Desestatização do Governo FHC tiveram suas
dívidas transformadas em MOEDAS POBRES, trocadas por NTN-Notas do Tesouro
Nacional, que são dinheiro vivo com juros.
Essa conversão
de MOEDA PODRE, quer dizer, as dívidas de estatais cujos ativos foram vendidos,
como vai acontecer agora, equivalem a 9% do total da dívida pública federal de
hoje. VAI ACONTECER DE NOVO. As estatais vendem os bons ativos e a União fica
com as dívidas.
E ainda a
GLOBONEWS bate palmas para a sapiência da decisão do Supremo que autorizou esse
negócio onde há uma só uma certeza absoluta: vão vender TODO o ativo das
estatais e jogar o passivo no Tesouro Nacional, exatamente como foi feito entre
1995 e 1998, raiz de grandes fortunas dos rapazes do mercado, pia batismal de
grandes bancos de investimento cariocas que se especializaram nessa conversão
de passivo de estatais em moedas podres e destas em títulos da dívida pública
federal.
O grande
operador desse negócio foi um certo banco Bozzano Simonsen com forte parentesco
no cenário de hoje. Para criar esse cenário propício ao fabuloso negócio foi
necessária uma CAMPANHA DE DESMORALIZAÇÃO DAS ESTATAIS, cantar a lenda de que
estão todas quebradas, que não tem bons gerentes e técnicos e que o Estado não
deve ter empresas. Enquanto isso nos Estados Unidos, a quase totalidade dos
aeroportos, portos, serviços de abastecimento de água, usinas hidroelétricas,
empresas de ônibus nas cidades, metrôs, empresas de crédito rural,
empresas de seguros de crédito para moradia popular, a empresa nacional de
trens para passageiros (AMTRAK) SÃO ESTATAIS e não estão à venda.
A liquidação do
patrimônio nacional não vai servir para nada, como não serviram os US$106
bilhões de dólares obtidos na prima era das privatizações, que desapareceram no
caldeirão do déficit público, com eles não se fez nada de duradouro, nenhum
projeto de interesse nacional, venderam para gastar o dinheiro nos salários
“sonho de valsa”, nas mega aposentadorias, nas viagens internacionais
intermináveis em 1ª classe de figuras dos três poderes.
Na PETROBRAS se
diz que as vendas de ativos serão para pagar dívidas. Onde está escrito? Qual a
garantia? Nenhuma. Deu-se CARTA BRANCA a um pequeno grupo para se desfazer de
patrimônio público construído desde os anos 50, com imensos esforços e
investimentos com dinheiro público, de uma forma irresponsável que liquidará os
instrumentos para o País crescer e gerar empregos.
O primeiro
movimento de quem comprar uma refinaria da PETROBRAS será cortar a folha. Essas
vendas de ativos vão aumentar o desemprego, precarizar a segurança. Está aí a
VALE para confirmar, vai ter um domínio de mercado regional de combustível que
a PETROBRAS lhe transfere de graça porque não há outra refinaria na região,
terá liberdade para ditar o preço dos combustíveis sem nenhuma consideração de
interesse público. Será um péssimo negócio para o País, SEM NENHUMA
JUSTIFICATIVA LÓGICA, será uma venda POR IDEOLOGIA, vamos privatizar porque
somos neoliberais, vamos dar mercado monopolista de refino DE GRAÇA, as vendas
de ativos NÃO VÃO CRIAR RIQUEZA OU EMPREGOS, será um negócio feito para atender
a um capricho, NA MELHOR DAS HIPÓTESES.
Não há projeto
algum que ligue essas vendas a um plano econômico consistente, vender por
vender, pelo menos na 1ª onda teve o Plano Real como justificativa, agora não
há nada.
AMA
Fonte: Publicado no Jornal GGN
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