*Por George Lakoff
A liberdade
em uma sociedade livre é para todos. Portanto, a liberdade exclui a imposição
da liberdade dos outros. Você é livre para andar na rua, mas não para impedir
que outros o façam.
A imposição à
liberdade de outros pode vir de forma física imediata e evidente – bandidos
vindo atacar com armas. A violência pode ser uma espécie de expressão, mas
certamente não é “liberdade de expressão”.
Como a
violência, o discurso de ódio também pode ser uma imposição física à liberdade
dos outros. Isso porque a linguagem tem um efeito psicológico imposto
fisicamente – no sistema neural, com efeitos incapacitantes a longo prazo.
Aqui está o
motivo:
Todo
pensamento é realizado por circuitos neurais – não flutua no ar. A linguagem
ativa neuralmente o pensamento. A linguagem pode, assim, mudar o cérebro, tanto
para o melhor quanto para o pior. O discurso de ódio muda o cérebro dos odiados
para o pior, criando estresse tóxico, medo e desconfiança – tudo físico, tudo
no circuito neural ativo todos os dias. Este dano interno pode ser ainda mais
grave do que um ataque com um punho. Ela impõe a liberdade de pensar e,
portanto, age livre de medo, ameaças e desconfiança. Ela impõe a capacidade de
pensar e agir como um cidadão totalmente livre por muito tempo.
É por isso
que o discurso do ódio impõe a liberdade daqueles que são alvo do ódio. Uma vez
que ser livre em uma sociedade livre não requer a imposição da liberdade dos
outros, o discurso de ódio não se enquadra na categoria da liberdade de
expressão.
Discurso de
ódio também pode mudar o cérebro daqueles com preconceito leve, movendo-se para
o ódio e a ação ameaçadora. Quando o ódio está fisicamente em seu cérebro,
então você pensa que odeia e sente ódio, você é movido a agir para realizar o
que você fisicamente, em seu sistema neural, pensa e sente.
É por isso
que o discurso de ódio não é “mero” discurso. E uma vez que impõe a liberdade
dos outros, não é um exemplo de liberdade.
Os efeitos
físicos de longo prazo, muitas vezes incapacitantes, do discurso de ódio sobre
os sistemas neurais dos odiados não têm status na lei, já que nossos sistemas
neurais não têm status em nosso sistema legal – pelo menos não ainda. Essa é
uma lacuna entre a lei e a verdade.
*George Lakoff é Richard e Rhoda Goldman
Distinguished Professor of Cognitive Science e Linguistics na Universidade da
Califórnia em Berkeley, onde leciona desde 1972.
Nenhum comentário:
Postar um comentário