'Relatório da
Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que o uso de cadeirinhas pode levar a
uma redução de pelo menos 60% nas mortes de crianças no trânsito. Projeto de
Bolsonaro permite carro sem cadeirinha para crianças'
O uso de
cadeirinhas pode levar a uma redução de pelo menos 60% nas mortes de crianças no trânsito,
segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O órgão indica
que mecanismos de restrições para crianças em veículos são “altamente eficazes
na redução de ferimentos e mortes”. Desde que o uso se tornou obrigatório no
Brasil, o número de mortes de crianças de 0 a 9 anos no trânsito caiu 12,5%.
Em relatório
para segurança viária, de 2018, a OMS indicou que 84 países têm legislação
nacional de retenção para crianças – em levantamento que inclui o Brasil. Entre
estes, 33 países, com 9% da população mundial, cumprem critérios de melhores
práticas em sistemas de retenção para crianças.
Países europeus
são os que, segundo a OMS, têm medidas mais seguras, com legislações sobre o
tema e padrões de restrição tanto para bebês quanto para crianças maiores.
Na terça-feira,
o presidente Jair
Bolsonaro enviou um projeto de lei à Câmara dos Deputados em que, entre outros pontos, põe fim
às multas a quem não transportar crianças com os equipamentos.
A medida é
criticada por especialistas. “Se estamos retirando uma infração que é
comprovada pela OMS e por atores internacionais, como medida levada a sério no
mundo, (o governo) está contribuindo para promover mais mortalidade de jovens e
crianças”, diz Pedro de Paula, coordenador executivo da Iniciativa Bloomberg para
a Segurança Global no Trânsito.
“Os assentos de
um carro foram pensados para um adulto. Uma cadeirinha, adaptada ao corpo e à
massa da criança, é a única forma segura”, diz Gabriela Guida, gerente
executiva da ONG Criança
Segura. Ontem, a organização, em parceria com a Sociedade Brasileira
de Pediatria e a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, lançou um
manifesto contra a medida. Segundo o grupo, há “riscos à integridade das
crianças.”
Proteção
De 2008, ano em
que as cadeirinhas se tornaram obrigatórias no País, até 2017, o número de
mortes de crianças de 0 a 9 anos que ocupavam veículos caiu de 319 para 279
(redução de 12,5%), segundo dados do Ministério da Saúde tabulados pela ONG
Criança Segura.
Para Gabriela, a
queda está ligada ao equipamento. “Sabemos que nem todos usam, mas, antes da
lei, as pessoas nem sabiam que a cadeirinha existia.” Em São Paulo, pesquisa da
Iniciativa Bloomberg indica que 53% usam os assentos com crianças de
até 11 anos.
O analista de
sistemas Giuliano Russo Fusari, de 37 anos, conhece a importância por
experiência própria. Em 2014, sofreu um acidente de carro quando estava com os
dois filhos – um menino de 5 e uma menina de 1 ano e 3 meses. As crianças não
se feriram. “Meu filho me chamou, porque tinha uma vespa dentro do carro. O
semáforo tinha acabado de abrir. Virei e vi a vespa. Virei de novo para tentar
espantá-la.” Foi quando o carro subiu na calçada e capotou. “Bati a cabeça no
volante e o vidro do passageiro quebrou. O carro ficou com as rodas para cima e
meus filhos ficaram pendurados na cadeirinha. Acho que, se não fosse a cadeirinha,
teriam se machucado.”
(Agência Estado)
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