Embriagado pela própria idiotice, atacou
o Foro de São Paulo, o petismo, o socialismo, a "ditadura cubana",
como um vingador da Guerra Fria trancado nos limites da própria ignorância
histórica.
Por Tiago Barbosa ǀ Opinião - GGN
Foto BBC |
Nada poderia ser pior, mais
escatológico, sôfrego e trágico.
O discurso de Jair Bolsonaro na ONU
vomitou, para o mundo, o esgoto fétido das idiotices espalhado no Brasil desde
a fatídica eleição do fascista.
Não há um chefe de Estado à frente do
Brasil. Existe um vácuo mental, um zumbi ventríloquo de impropérios fermentados
no submundo da irracionalidade das redes sociais.
Embriagado pela própria idiotice, atacou
o Foro de São Paulo, o petismo, o socialismo, a “ditadura cubana”, como um
vingador da Guerra Fria trancado nos limites da própria ignorância histórica.
Enxovalhou pontes diplomáticas em
ofensas à França e à Alemanha para invisibilizar a destruição da Amazônia
incentivada e patrocinada por ele na truculência das mentes ambientalmente
insanas.
E exibiu toda a amplitude do preconceito
ao desfiar ideologias de quinta em torno de indígenas e proteção ecológica, com
argumentos rasteiros sobre tentar “civilizar” os índios e blindar o interesse
sórdido dos latifunndiários devastadores.
Bolsonaro é o chorume escorrido do ponto
de vista levado por ele à ONU, possível de ser lido exatamente pelo oposto das
intenções falseadas durante o discurso.
Chamou a mídia de mentirosa porque ela
mostra a verdadeira degeneração social, econômica e política do seu governo.
Condenou o cacique Raoni porque ele
denunciou a suruba ecológica na Amazônia.
Criminalizou as ONGs porque elas
enxergam, expõem e freiam o ímpeto destrutivo da turba ancorada na
necropolítica bolsonarista.
Defendeu a polícia não pela proteção ao
cidadão, mas pela disposição de, sob ordens, ferir e matar os desvalidos de uma
sociedade racista, elitista e desigual.
Nenhuma palavra sobre os meninos
assassinados à bala pela violência fardada no Rio de Janeiro, silêncio sobre a
pequena Ágatha, porque, claro, vidas negras não importam à cafajestagem
ideológica presidencial.
Exortou, sim, a família, porque faz da
compreensão particular da união dos parentes o impulso para exercer o cinismo
de pregar compostura moral enquanto favorece a intolerância à diversidade, as
milícias e outras práticas mafiosas associadas.
Bolsonaro vive uma eterna campanha de
platitudes, ofensas e ódio para, de um lado, manter iludido o gado capaz de
segui-lo na procissão da indigência mental e, de outro, desviar o foco da sua
completa ausência de humanidade e indícios mínimos civilizatórios.
É um permanente atentado à evolução
humana e um desafio constante à sanidade de quem preza pela vida como valor
fundamental.
Nítido desperdício de oxigênio, matéria
orgânica e tempo.
O Brasil sabia. O mundo, idem. A
vergonha na ONU apenas oficializou a vergonha e a insignificância do
neofascista perante as nações e a história.
Fonte: Publicado no Jornal GGN
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