Novos julgamentos de Lula não resolverão
o imbróglio criado pela hipócrita turma dos novos convertidos ao #LulaLivre.
Por Eugenio Aragão ǀ Artigos - GGN
A coluna de Mônica Bergamo, na
Folha de São Paulo, notícia hoje que integrantes da velha equipe de Rodrigo
Janot na Operação Lava Jato sugerem que, “para pacificar o país”, seria
necessário julgar Lula novamente, considerando que pesam sobre Sérgio Moro e a
turma do MPF em Curitiba fundadas razões de parcialidade ante as revelações
do The Intercept Brasil.
Devemos lembrar, todavia, que suspeitas
de ação política não pesam somente contra os procuradores e juízes de Curitiba.
Parece que a fonte da colunista da Folha de São Paulo está, mais do que
buscando a “pacificação”, tentando esquivar-se do julgamento histórico que a
toda Operação Lava Jato atingirá, em Curitiba e no resto do Brasil.
Em Brasília, a atuação de Rodrigo Janot
foi responsável pelo vendaval que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, através
de um golpe parlamentar. Foi o ex PGR que comandou o tempo do ataque e dos
recuos no cenário político. Foi ele também, que fez vazar a delação de Delcidio
do Amaral em plena crise, para dar um “empurrãozinho” no governo prestes a ser
destituído por um vingativo Eduardo Cunha. E disse a mim, enquanto eu ocupava a
cadeira de ministro da Justiça, que o vazamento saíra do gabinete do ministro
Teori, exibindo, para isso, uma cópia da delação com marca d’água do STF. A
delação de Delcídio serviu para acusar a presidenta Dilma de querer obstruir a
justiça com a indicação do então desembargador federal Marcelo Navarro ao STJ,
sendo que o próprio ex PGR pedira por essa indicação. Agora, talvez para se
mostrar generoso, diz na mesma entrevista que revela ter tentado assassinar um
ministro do Supremo e suicidar-se depois, que sempre achou Dilma honesta.
Depois, não satisfeito com a forma como
Michel Temer lidava com a questão sucessória da PGR, quis também derrubá-lo,
usando, para tanto, uma escuta ambiental de uma conversa entre Joesley Batista
e o então presidente. A escuta fora plantada sem autorização judicial, sob
orientação da equipe de Rodrigo Janot, ao que tudo indica. O objetivo era
claro: vincular Michel Temer a suposto suborno de Eduardo Cunha para que este
ficasse de boca fechada.
O estratagema não deu certo e o que veio
à tona foi toda armação de projeto de delação premiada engendrado pelo auxiliar
do ex PGR, Marcelo Miller, que, apesar de ainda não exonerado do cargo de
procurador da República, já atuava articulado com um grande escritório de
advocacia, mediante pagamento de honorários, para livrar Joesley da cadeia. E,
segundo Miller, tudo com conhecimento do chefe de gabinete de Janot.
Em resumo, o comando da Operação Lava
Jato agiu criminosamente. Prevaricou, chantageou e agiu com perfídia contra o
governo constitucional. E seus atores, agora, querem “pacificar” o país, ao
atribuir toda culpa pelo caos aos colegas de Curitiba e a Sérgio Moro,
lambuzados pelas revelações do The Intercept Brasil.
Novos julgamentos de Lula não resolverão
o imbróglio criado pela hipócrita turma dos novos convertidos ao #LulaLivre.
O ambiente midiático criado por esses
maus procuradores contra a pessoa e a liderança política de Lula, com o escopo
de retirá-lo da campanha presidencial, não permite uma revisão imparcial do
julgamento. Os fatos que lhe foram atribuídos politiqueiramente já passaram
pelo distorcido crivo da chamada “opinião pública” e qualquer julgador estará
inexoravelmente submetido a intoleráveis pressões numa eventual revisão dos
processos. Não há neutralidade possível diante da campanha de pré-julgamento
calunioso que movimentou toda a sociedade. Não se pode depender do caráter fora
do comum de um juiz raro que não se deixe influenciar pela balbúrdia. Juízes
federais, lembre-se, fizeram abaixo-assinados em prol de Moro. Sua associação
nacional se posicionou. E agora se acham capazes de promover um julgamento
justo? É o coletivo de magistrados que se politizou nessas causas que está sob
suspeita! E a contaminação pelo fúria linchadora atingiu todas as instâncias,
porque todas coonestaram os abusos da operação, “olhando para as ruas”, como
recomendava Joaquim Barbosa ao colega Gilmar Mendes num dos embates notórios
entre “galos de briga togados”.
Já que até mesmo os operadores da Lava
Jato do gabinete de Janot reconhecem as inúmeras injustiças cometidas nos
processos contra Lula e se dizem prontos para “pacificar o país”, que tenham a
coragem de reconhecer sua própria suspeição, como instituição persecutória, e,
anuladas as decisões de Sérgio Moro e de sua sucessora Gabriela Hardt,
postularem o arquivamento dos processos por absoluta inviabilidade da prestação
jurisdicional imparcial. Qualquer outra solução não pacificará o Brasil e
manterá no Ministério Público e no judiciário a pecha eterna da prevaricação
politiqueira.
Fonte: Publicado no Jornal GGN
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